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TAMANHO DA FONTE

Projetos da UFPA fazem do ambiente escolar um aliado no combate à discriminação

No calendário, 21 de março é marcado como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, uma data que tem como objetivo suscitar reflexões sobre a necessidade de erradicar o racismo e o preconceito racial em todas as suas formas. Um combate no qual a educação torna-se ferramenta fundamental.

Apesar da luta em prol da manutenção e conquista de direitos, diariamente, muitas pessoas ainda sentem o peso da injustiça da discriminação racial. A Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolve uma série de políticas de ações afirmativas. Além da criação da Assessoria da Diversidade e Inclusão Social (ADIS) em 2017, também mantém projetos de pesquisa e extensão.

“Educação Antirracista na formação de professores e professoras por uma perspectiva negra decolonial brasileira”, coordenado pela professora Edivania Santos Alves, no Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI) e no Campus Castanhal, e “Ser Negro no Marajó: o audiovisual no combate ao racismo nas escolas públicas dos municípios de Breves e Melgaço”, coordenado pela professora Jacqueline Tatiane Guimarães, em Breves, são bons exemplos.

Ambos são projetos que trazem na base a educação antirracista, incentivando que todos tenham suas identidades e histórias respeitadas e acolhidas no espaço escolar, acadêmico e social. Gestores, funcionários, alunos e professores pensam e dialogam em conjunto com as famílias, a comunidade, a sociedade civil e todos os profissionais de educação para compreender como o racismo se manifesta e para criar coletivamente um plano de ação capaz de superá-lo.

Fotografia posada de um grupo de pessoas. Ao fundo, há um cartaz com balões e a mensagem "Bem-vindos".
Fonte: Arquivo do Projeto.

Projetos de extensão na educação antirracista – O “Educação Antirracista na formação de professores e professoras por uma perspectiva negra decolonial brasileira” funciona em parceria com a gestão escolar das escolas municipais Padre Leandro Pinheiro, localizada no bairro do Guamá, e Maria Stellina Valmont localizada na Terra Firme, em Belém. O público do projeto é formado por estudantes da Licenciatura Integrada e também por professores (as) da rede municipal de ensino de Belém.

O projeto trabalha conteúdos e temas relacionados à discussão do racismo estrutural na formação da sociedade brasileira e seus desdobramentos nos ambientes sociais como a família, a escola, o local de trabalho, a igreja e etc. Também há discussões sobre os desafios e possibilidades de construção de uma educação antirracista, não somente, mas também, por meio da aplicação das leis 10.639/2003 (igualdade racial na escola) e 11.645/2008 (estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio).

De acordo com a professora Edivania Alves, a escolha das professoras e professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental como público principal decorre da importância e influência que eles desempenham no processo de ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes, e quanto aos estudantes da Licenciatura Integrada, “entendo como urgente e necessário que a discussão sobre nossa formação histórica e sociocultural marcada pela escravidão e pelo racismo devem ser abordados de maneira interdisciplinar e não apenas em uma disciplina. Só assim, combateremos o racismo de fato”, defende.

“A importância desse projeto é gigantesca em nossa sociedade capitalista marcada pelo machismo, racismo, lgbtfobia, capacitismo e etarismo. Avalio que socializar informações e conhecimentos antirracistas contribui no fortalecimento e na ampliação de políticas públicas que visam a diminuição das desigualdades étnico-raciais e concomitante fortalece as relações entre a universidade e a sociedade, democratizando os conhecimentos acadêmicos e aproximando a universidade dos conhecimentos e saberes populares”, ressalta a professora Edivania Alves.

Fotografia de um grupo de mulheres sentadas em carteiras escolares azuis posicionadas em semicírculo. No centro, há uma mesa com um notebook.
Fonte: Arquivo do Projeto.

O projeto “Ser Negro no Marajó: o audiovisual no combate ao racismo nas escolas públicas dos municípios de Breves e Melgaço” surgiu em outubro de 2017 como um evento chamado “Semana Ser Negro no Marajó”. O objetivo principal é promover uma educação antirracista a partir da utilização das várias formas de audiovisual, dentre os quais destacam-se documentários, filmes, músicas e fotografias, a fim de proporcionar momentos de reflexão sobre a  ancestralidade negra e indígena, bem como a estética e os hábitos decorrentes desta herança que se faz presente, mas que não é reconhecida.

Sendo organizado dentro e fora do espaço da Universidade, também em  escolas públicas municipais e nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o projeto é intencionado a possibilitar canais de comunicação com as comunidades, envolvendo o processo de qualificação dos discentes para que no futuro saibam como utilizar o audiovisual no combate ao racismo.

“A proposta decorre da constatação de que nestes municípios se faz inexistente espaços de divulgação e apresentação de audiovisuais para as comunidades periféricas e ribeirinhas, sobretudo quando se trata de acesso a documentários e filmes que tratam sobre o debate étnico-racial, que são importantes ferramentas para o combate ao racismo tanto nas escolas, quanto nas instituições de nível superior”, ressalta a professora Jacqueline Guimarães, coordenadora das atividades. “A nossa intenção é contemplar todos os cursos que fazem parte do Campus, assim como também auxiliar os profissionais que atuam na rede de proteção, parte de assistência e também na educação básica”.

21 de Março – O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao Massacre de Sharpeville, ocorrido em 21 de março de 1960, na África do Sul. Em meio ao regime de segregação racial do apartheid no país, tropas do exército atiraram em pessoas negras que participavam de uma manifestação pacífica na cidade de Johanesburgo contra a Lei do Passe que obrigava negras e negros a portarem cartões de identificação dos lugares aonde podiam ir. O massacre matou 69 pessoas e feriu outras mais de 180.

TEXTO: Nilmara Melo

Relação com os ODS da ONU:

ODS 4 - Educação de QualidadeODS 10 - Redução das Desigualdades

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